Quando não estou luminosa, todos me acham invisível,
Mas é aí que eu me renovo, mulher nova, invencível, procuram pela antiga face, mas são fases e eu mudo, não são disfarces simplesmente não ostento tudo, tenho um outro lado como todo o mundo lá no fundo, por outro lado não me escondo e até me exponho muito, saio destacada para quem me quer ver, mas não tentes encaixar-me, quadrada nunca hei-de ser, crescendo e minguando
Como os ciclos da vida, posso ser incandescente ou
Andar desaparecida, vejo passar as estrelas como carros na avenida, assim não estou perdida não me esqueço que estou viva, sou poderosa tenho a força da fecundidade,
Sou orgulhosa de ser fruto da realidade, já tenho idade, tenho marcas no corpo, crateras no peito, mas sem desconforto e isso é pouco ser penso nos outros (pouco), e isso é tanto se penso nos anos (tanto), ao meu sufoco eu faço ouvidos moucos, eu não sou diferente, loucos somos todos, todos! Loucos somos todos! Atraio os solitários, atraio os apaixonados, ilumino o espaço e os passos desorientados, os gatos e os telhados, os fados e dedilhados, os casos e rendilhados dos corpos enrodilhados, faço de estrela mas a luz não é minha e finjo sê-la para não estar sozinha, sou imperfeita mas sei ser divina, sou diva, sou livre, sou vénus, felina, mulher vivida, mulher da vida, altiva sou tida por ser mulher fina, só sei ser rainha, menos não posso, há tantas estrelas e eu brilho sem esforço... E todos para me verem vão levantar o pescoço... Todos para me verem vão levantar o pescoço...
Como a lua sou de luas, aluada do lado de lá da lua, sou a tua lua cheia, a tua lua escura, eu sou a cura e escondo a face de quem me procura, sou a loucura que não esquece quem foge à aventura, e como a lua sou a chefe desta noite nua e faço dançar as marés e as mulheres da rua! E como a lua sou a chefe desta noite nua e faço dançar as marés e as mulheres da rua!
Lua cheia, lua nova, lua cheia, lua nova,
Lua cheia, lua nova...