"Provo da tristeza como um vinho velho
E mesmo assim eu espero, não partir o espelho, e digo
Que confio no teu bom conselho
Mas se for preciso ainda consigo esmurrar um joelho e sigo
Sinal vermelho é verde tinto, se o meu instinto
Me diz que sim, sigo o que sinto
E nem por isso serei impulsiva
E posso ser tão otimista que até Deus duvida
Eu só desisto quando há fumo branco, até à solução, pondero até à cisma
Eu ultrapasso a lebre num instante, na competição, sou tartaruga ninja
Como uma esfinge, eu finjo que sou de pedra, que sou dura na queda, mas a perda eu evito
E como a vida é como a tal caverna, nesta alegoria eu queria ter uma lanterna e um livro
Pa' ser livre é preciso ter coragem
E muitas vezes sou cobarde e suavizo na dosagem
Com eufemismo na boca, como um felino na toca
Evitando uma troca de olhar e não se nota
Que me esquivo do conflito e que finto a ruptura
Eu não domino o desapego e cedo ao peso da culpa
É que para mim é tortura ter de partir um coração
Para ser mulher madura ainda falta aventura e saber dizer que não
Não! Eu não sei dizer que não
O vinho velho, o tabaco cubano, o meu pai e o mano, a teresa e a mãe
A tua barba, a cama e a carta, as palavras da marta e toda a gente que vem
Pra ver no palco o que digo bem alto
Enquanto vejo se espanto este medo que tenho
E o papel perfumado com que tenho forrado
A gaveta do quarto onde guardo além
De uma foto do bicho, um vestido e um livro, um relógio e aquilo que tenho escrito também
Era suposto ser eu no pós-doc, ele no pós-rock
E ainda mais uns trocos nisto
Mas o destino trocou essas voltas e a "sereia louca"
Ficou com a lavoura e o com um disco de hip hop
E chegada à encruzilhada ficou claro que fui eu que chamei por tudo isto
E que não há nada de nada, nem uma chapada na cara que não derive daquilo que pedimos
No rap tenho trabalhado muito e tenho tido sorte
E tenho sido forte para continuar
Tendo como suporte, aquele velho mote
"Cuidado com o desejo, pode-se concretizar"
E se há coisa que me tira do sério
É se me tiram o êxito e duvidam do mérito
É que as minhas conquistas, são de rimas em pistas
De batalhas sofridas e o suor de um exército
E é por isso que as gavetas de cima são das mães
São sempre de quem, tomou primeiro a iniciativa
O trabalho é recompensado pela comodidade de não teres de ajoelhar perante vida
E a verdade da cômoda é incomoda
Mas já tenho esta gaveta cá em cima
E por norma eu trabalho para a vitória
Chego a casa, abro a mala e guardo e medalha que é minha
O vinho velho, o tabaco cubano, o meu pai e o mano, a teresa e a mãe
A tua barba, a cama e a carta, as palavras da marta e toda a gente que vem
Pra ver no palco o que digo bem alto
Enquanto vejo se espanto este medo que tenho
E o papel perfumado com que tenho forrado
A gaveta do quarto onde guardo além
De uma foto do bicho, um vestido e um livro, um relógio e aquilo que tenho escrito também